Albert Camus, escritor franco-argelino, dizia que “a origem dos nossos males está na comparação”, mas como é possível aprender matemática ou economia, por exemplo, sem fazer uso da comparação? Considerando isso, é justo adicionarmos a palavra “quase”, a fim de tornar a frase de Camus mais completa: “Quase toda comparação gera sofrimento”.
Comparar é indispensável ao lidarmos com números e objetos, mas, no campo das relações humanas, é indispensável considerarmos este detalhe sutil causador de grande repercussão: a capacidade das pessoas pode ser diferenciada através dos adjetivos maior e menor, sem precisarmos qualificá-las em melhores e piores.
Reconhecer-se maior que alguém não é um problema; isto aponta para a responsabilidade com quem é menor que nós, além de admitirmos que não somos únicos: sempre existirá uma pessoa maior, com a qual podemos adquirir mais conhecimento. Porém, falar que um indivíduo é melhor do que o outro, revela algo mesquinho, significa dizer que alguém é bom em relação a outro que é desprezível.
Penso que classificar pessoas em melhores e piores levam-nos à marginalização, enquanto que considerá-las maiores ou menores levam-nos à maturação. A maturidade requer tempo, tanto para quem ensina, quanto para quem aprende. Esta consciência era natural desde a antiguidade. O discípulo é menor, nunca pior que o mestre.