A solução para a desigualdade entre as classes está perto de nós, tão pertinho que chamamos de “próximo”! Amar o próximo, amar os que estão do nosso lado, aqueles que vemos todos os dias, que compartilham do nosso convívio! Não se pode esperar um governo justo em uma nação, onde o povo que reside nesse país não é justo. Os políticos precisam amar a justiça desde crianças. É assim que se constrói um povo forte: nas bases. Se as crianças amarem a justiça porque presenciam ela em casa, no respeito do pai pela mãe, no “não deixar ela, de 8 anos, passar embaixo da roleta porque o acesso gratuito é apenas para menores de 7, mesmo que o funcionário do parque não solicite o documento de identidade...”
O problema da concentração de riquezas está no âmago das pessoas. Alguns ricos não compartilham seus bens porque não acham que isto seja justo. Quando estiverem convictos (através da persuasão e não da imposição), de que o amor ao próximo tem maior valor do que o suor que derramaram para acumular seus bens, a divisão igualitária das riquezas acontecerá de mãos dadas com a justiça, sem violar o direito de ninguém.
Se cada um de nós ver no humilde mais próximo (na faxineira, no porteiro, no office-boy) alguém com muito potencial, pelo qual eu posso fazer algo belo, verdadeiro e bom – e ninguém é tão pobre que não tenha nada a oferecer – a longo prazo, longuíssimo talvez, teremos uma transformação permanente.
É em atitudes simples e incorporadas aos princípios humanos que a pátria cresce realmente. As crianças, os adolescentes e os jovens, ao serem vistos como pessoas dotadas de grandes potenciais, reproduzem, no ambiente onde estiverem, o amor é a esperança que experimentaram.
Os efeitos dessa bondade desinteressada repercutem nas futuras famílias desses estudantes, uma vez que profissionais mais bem capacitados geram atendimentos e serviços de maior qualidade e gentileza, e funcionários assim geralmente se mantém mais tempo no quadro da empresa e podem receber melhores salários.
A ideia da repercussão do bem não passa pela difamação de quem pensa diferente, é algo real realizado em favor do meu próximo e que se propaga indefinidamente. O amor tem um modo de funcionamento semelhante a explosão de uma bomba nuclear: a energia se propaga de dentro para fora, e assim como os átomos vão se desintegrando do local de onde explodiu a bomba até um raio mais externo, assim também acontece com o amor, com a diferença de que, ao invés de desintegrar, o amor nos devolve, reintegra, convence cada vez mais pessoas a acreditar em seu poder, até chegar ao raio mais externo, ao ponto mais inalcançável que, em relação ao que estamos falando aqui, atinge o alto escalão do governo, e, ao tocar nesta esfera, temos as condições de testemunhar o ideal: ao votar o próprio salário – e alguém tem que votar isso – o político o fará de forma conscientemente escolhendo o que é justo e não o que é melhor para o próprio bolso.
Uma reflexão interessante é nos deparar com a morte. O que dirão de nós quando partimos, o que deixaremos como legado aos que amamos? Aquele que não se orgulha da possível declaração que farão em seu velório, não encontrou ainda um motivo consistente pelo qual viver.
A mudança forçada, em geral, é temporária, a interiorizada quase sempre é permanente.
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