"E que os espíritos celestes necessitam de corpo, no-lo certifica esta sentença verdadeiramente divina: Não são todos os anjos espíritos ao serviço de Deus, que lhes confia missões para o bem daqueles que devem herdar a salvação? E sem um corpo, como poderão cumprir esse serviço, sobretudo quando atuam em favor daqueles que vivem no corpo? Enfim, é exclusivo dos corpos mudar de um lugar para outro; e isso os anjos com freqüência fazem, conforme no-lo demonstra uma conhecida e indubitável autoridade; assim apareceram e conversaram com os Pais, comeram com eles, lavando-lhes os pés. Assim, pois, os espíritos inferiores e superiores necessitam de seus próprios corpos, não para deles servir-se, mas para servir os demais." (São Bernardo de Claraval, doutor da Igreja, Sermões sobre o Cântico dos Cânticos, Sermão V, capítulo I)
VIZUALIZAÇÕES
domingo, 24 de novembro de 2024
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Intus Legere
quarta-feira, 13 de novembro de 2024
Reagindo ao Vídeo do Padre Paulo Ricardo a respeito do adoecimento dos fiéis católicos
Recebi o vídeo abaixo e gostaria de fazer alguns comentários:
Disponível também através do link: https://www.youtube.com/live/O15EjheHvmY?si=BMf1PikgNuTTLAFd
O que o Padre disse está cada vez mais acontecendo na prática. Mas, de início, vale a pena ressaltar algo fundamental: Jesus ensina a não rotular as pessoas como "doidas":
"Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: Idiota, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena." (Mateus 5, 22)
Achei que Nosso Senhor pegou um pouco pesado... Mas quem sou eu para discordar dEle?
Creio que as pessoas que pensam um pouco "fora da caixinha", fora dos padrões, precisam de cuidados; cuidar é amar, compreender para lidar, não é aceitar o erro e também não é tapar os ouvidos para a contribuição única de quem é diferente.
"Alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os homens que se salvam? Ele respondeu: Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão." ( Lucas 13, 22-23)
Chamar alguém de "louco" tem a ver com o "entrar pela porta estreita". A porta estreita do Céu é a humildade.
É preciso ter esta virtude de Nossa Senhora, a humildade, para ouvir o que um suposto "louco" (por sua fama de "doido" ou sua aparência de "esquisito") tem a dizer; Deus em diversos momentos da história escolhe os "loucos" para confundir os sábios.
Neste momento crítico, em que, como disse o saudoso papa São João Paulo II, "é preciso defender a verdade ainda que sejamos apenas 12", guiar-se por padrões que foram seguros por centenas de anos, como por exemplo confiar em um pronunciamento de um Bispo simplesmente por ele ser Bispo, sem que seja necessário discernir se o que se diz está ou não em consonância com a Palavra de Deus (aliás, na verdade, este é o principal ofício do Bispo: proteger os fiéis contra as heresias), quem não beber da fonte (da Bíblia, dos escritos dos deixados pelos mártires, dos Catecismos antigos) correrá o risco de morrer envenenado por beber "águas estranhas".
Nosso Senho disse: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão." (Mateus 24, 35)
São Paulo afirmou: "Não há dois (evangelhos): há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema." (Gálatas 1, 7-8)
A verdade pode ser aprofundada, pode ser melhor compreendida, nunca negada frontalmente, nunca contrariada diretamente.
Desculpe a sinceridade, quando não tem outra forma e eu preciso falar, eu falo: o Padre Paulo Ricardo não foi claro neste vídeo. Desculpe dizer... Que declaração é essa? "Quem seguir o que está escrito no Código de Direito Canônico - promulgado pelo Papa João Paulo II - será crucificado, morto e não ressuscitará no terceiro dia." Esta frase não deve ser dita nem de brincadeira, nem em sentido figurado... Não é para o martírio (cruento ou incruento) que todos somos chamados? Aliás eu já comentei várias vezes nos vídeos do Padre Paulo Ricardo alertando sobre a importância de ele, por sua eloquência e relevância nas redes sociais, defender a gente dos erros gritantes cometidos infelizmente - é com dor no coração que eu falo - por parte de alguns Padres e Bispos católicos; não precisa dar "nomes aos bois", mas querer colocar "panos quentes" em situações graves, ao meu ver, diminui a esperança de quem crê sinceramente.
Reconheço que, do meio para o final, o Padre falou algo que eu concordo e também defendo; acredito que é importante para algumas pessoas (incluindo eu) fazer exercícios físicos específicos, como por exemplo o exercício de agachamento (que melhora, em muito, as minhas dores lombares); um cristão que dorme bem, se alimenta pensando na saúde e faz exercícios físicos pensando na ascese e não na vaidade, vai ficar, queira ou não queira, com um corpo bonito, definido, e isso não é errado, não é pecado; é só lembrar do óbvio:
"O corpo, porém, não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o corpo." (I Coríntios 6, 13)
e de que
"A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa." (I Coríntios 7, 4)
Ou seja, o corpo não é para ser admirado nem pela própria pessoa olhando seu reflexo no espelho, uma vez que nossos corpos pertencem respectivamente a quem entregamos nossas vidas.
A verdade ensinada pelos santos deve ser aprofundada sem sacrificar o essencial; este é o essencial: "Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado." (Hebreus 12, 4)
De fato, os índios que viviam no século XVI no estado de São Paulo tinha mais resistência física do que a gente, que dorme em colchão ortopédico e come lanche do McDonalds, entretanto, ouvindo alguns trechos dessa palestra tive um sentimento parecido ao de quando ouvi alguns padres e paroquianos, da região onde eu moro, comentando, "em off", sobre os "doidos da paróquia", sobre os "sem noção" que exageram no zelo pelo sagrado, induzindo sutilmente a pensar que o "culpado" de tais adoecimentos são as próprias pessoas que se entregam de corpo e alma à verdade, como São Francisco de Assis que ficou nu por amor a Nosso Senhor e, na ocasião, teve seu corpo coberto pela capa do Bispo local.
Os pastores, que inclusive existem principalmente para serem guardiões do rebanho, são os maiores responsáveis por estes adoecimentos, porque eles - os Bispos e a extensão deles (os Padres são a extensão dos Bispos) devem nos orientar com sabedoria e por isso ser escolhidos para o cargo conforme as orientações de São Paulo à Timoteo na primeira carta, capítulo 3, versículos de 1 a 7.
Somos seres humanos, somos uma espécie que só sobrevive em grupo, em comunidade, assim como as abelhas ou as formigas. Se o povo tá doente é porque o Inimigo feriu os pastores e dispersa ainda hoje o rebanho.
Concordo que a aplicação dos escritos de alguns santos famosos necessitam de uma adaptação para que suas recomendações sejam colocadas em prática, mas o coração do problema não está aí, o coração do problema está em uma palavra: protecionismo. Protecionismo é defender alguém por quem é independente do que faz.
Apesar do respeito às autoridades eclesiais demonstrado por São Paulo em um de seus julgamentos:
"Os assistentes disseram (à Paulo): Tu injurias o sumo sacerdote de Deus. Respondeu Paulo: Não sabia, irmãos, que é o sumo sacerdote. Pois está escrito: 'Não falarás mal do príncipe do teu povo'. (Atos dos Apóstolos 23, 4-5)
Devemos contestar erros grosseiros, sem contudo faltar com a consideração. Se os profetas se calam, as pedras falam, a destruição vem, as almas se perdem.
Nós podemos e devemos imitar Nosso Senhor Jesus Cristo. Nosso Senhor não se prevaleceu de sua igualdade com Deus. Ele, mesmo não sendo uma autoridade oficial no cenário de sua época - não era filho de um sacerdote do Templo -, denunciou os erros dos chefes do seu povo. Nosso Senhor era profeta também, Ele era o verbo e ao mesmo tempo o porta-voz da Santíssima Trindade, e hoje nós temos medo de falar até sobre o óbvio, até sobre os erros evidentes, temos medo das retalhações. Não somos ainda perfeitos como o Mestre, e nem precisamos o ser para denunciar o que é grosseiro.
Alguém pode discordar de que se deve denunciar o pecado evidente de uma autoridade sem esquecer a relevância desta mesma autoridade, entretanto discordando ou não:
"Contra a verdade não temos poder algum; temo-lo apenas em prol da verdade." (II Coríntios 13, 8)
O pequeno rebanho não precisa ser apenas doze para defender a verdade, Nosso Senhor merece muito mais...
"Digo-vos que em breve lhes fará justiça. Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?" (Lucas 18, 8)
Conclusão:
Mesmo falando tudo o que disse, continuo gostando do Padre Paulo Ricardo, ele é muito inteligente experiente; aprendi e aprendo muito com ele. O que tinha que falar para o Padre já o fiz em diversos comentários em outros vídeos publicados no canal dele.
Talvez o Padre não denuncie o erro evidente das autoridades - ele fala no geral, não denuncia sutilmente que esta ou aquela autoridade está falando heresias - porque a cultura de "assinar embaixo" tudo o que um Bispo diz ainda está muito arraigada em sua mente e alma; já li alguns grandes santos da Santa Mãe Igreja dizendo que a humildade consiste na obediência sem questionamentos, consiste no "quem obedece não erra", mas hoje, em tempos em que o responsável pelo Dicastério da Fé, órgão da Igreja que "fiscaliza" os erros de doutrina, é a favor do movimento LGBTQI+, obedecer sem questionar é um perigo.
Quem ama precisa conhecer intelectualmente o amado, precisa dedicar-se a aprofundar as razões pelas quais está pronto a dar a vida. A fé hoje é mais exigente do ponto de intelectual do que antes. Quem não tiver raizes fortes e profundas poderá ser arrastado pela correnteza dessa Grande Tribulação pela qual passamos.