VIZUALIZAÇÕES

sábado, 27 de julho de 2024

O Sentido da Vida É Ser Cristão - Cada Um Pensa o Que Quer; Eu Penso Assim:

     Se cremos que a Palavra que criou tudo e sustenta todas as coisas, se fez carne, habitou entre nós, se entregou na Eucaristia para se atualizar em cada discípulo seu ao longo da história, morreu em uma cruz, ressuscitou para nunca mais morrer, e um dia ressuscitará aos que creram no que ele falou, estes que, por acreditarem, vivem em estado de graça e, por viverem em estado de graça, comem a carne e o sangue dele na Missa. Esta mesma Palavra de Deus Encarnada afirmou que quem come a sua carne tem a vida eterna e quem não come a sua carne não tem a vida eterna, mas já está condenado ao inferno porque não creu nEle. Considerando que esta vida não é uma piada de mal gosto, ou seja, não amar e ser amado, comer, viajar, conhecer, aprender muito, ser inteligente, morrer e acabou, tendo em vista que a nossa alma anseia por algo mais, acredito que o sentido dessa vida é ser cristão.
    Mas o que é ser cristão?
    Nas palavras de Nosso Senhor Jesus, ser cristão é perder a vida por amor a Ele; é não preferir pai, mãe, filho, filha, irmão e até a sua própria vida, e sim preferir Ele; é ser um grão de trigo que morre para germinar vida, é estar no lugar crucial - na cruz - para que, unido pela fé, se viva o milagre da ressurreição espiritual diária e o, no último dia desta época efêmera chamada existência humana, o milagre da ressurreição da carne 
    E qual é a minha cruz? Que lugar é? Qual é o altar onde posso me imolar em sacrifício?
    Existem apenas três altares - não mais - e todos eles outorgados e instituídos por Jesus; seja explicitamente em sua palavra registrada nos evangelhos, seja na palavra pronunciada por seu Corpo que é a Igreja, inclusive as cartas dos apóstolos que estão no Novo Testamento também são parte deste pronunciamento eclesial.
    Os três altares são celibato sem ordenação sacerdotal, celibato com ordenação sacerdotal e matrimônio.
    Em todos os três a pessoa morre; em primeiro lugar, não faz mais o que concorda, o que acha, o que gosta: faz o que a Igreja diz, porque crer no que os ministros constituídos falam em harmonia com a história do cristianismo - não declarações pessoais que desafinam, destoam, do que os mártires creram, do que os santos da história afirmaram, do que a Bíblia mesmo afirma - é o princípio fundamental da fé: a fé vem pelo ouvir, não é pelo sentir e nem pelo pensar, refletir.
    Mas então a boa notícia, a boa nova, o evangelho é uma mensagem de morte e uma ressurreição condicionada a cumprirmos todos os requisitos exigidos por lei? Sim, é isso, mas não apenas isso. O evangelho é uma experiência pessoal com o verbo encarnado de Deus que nos ama tanto, nos amou ao tanto que arriscou tudo, inclusive a si mesmo na cruz - se Jesus pecasse, a maldade teria lugar na verdade, e todo o universo, sustentado pela verdade, se desintegraria - e por, passar por este extremo e estar vivo hoje, conseguimos obedecer o que ele nos pede com um sorriso no rosto. Dessa forma, ninguém se salva pelo bem que fez - ah, essa pessoa era tão boa, por isso foi para Céu, quem faz o bem sem fé, tem sua recompensa aqui apenas, uma boa fama depois da morte, mas não um a garantia de salvação; é assim que a fé cristã ensina - um ser humano se salva porque Deus o ama e age através deste ser humano. O consentimento de ser um instrumento de Deus, não apenas produz boas obras como também confirma a nossa fé. Ninguém produz fé; a fé é um dom e também ninguém tem fé sem esforço, a fé é uma decisão de, a partir do pouco que temos, buscar a Deus.

    Isso é o que aprendi em 43 anos de idade. Não é a verdade absoluta, mas é algo que faz sentido para mim. É um conceito que me mantém cristão, apesar de muitas vozes me chamarem, tentando me convencer que existe um caminho melhor. Eu creio por isso falo e me lanço no sentido de viver o que acredito. Quem vê diferente e por isso vive diferente - desde que não interfira diretamente na minha vida e nas minhas responsabilidades -  que o faça. Cada um entrega a sua vida do jeito que quiser. Este texto é um jeito de eu entender as razões pelas quais decidi doar a minha vida a Jesus, declarando como o meu dono, meu Senhor e Salvador.

    Existe alguma coisa maior que o sonho mais profundo de uma pessoa, que a sua aspiração mais intrínseca? Depois de tudo o que escrevi acima, existe: a vida eterna. Se perco o que mais queria ter aqui, nesta vida palpável, material, terrena, e porque acredito totalmente que o que o Senhor Jesus disse através da Igreja é verdade, acredito que o que iniciará depois que eu fechar os olhos para esta vida terrena é maior e mais valioso.

segunda-feira, 22 de julho de 2024

O Fleumático

    "Sempre gostei de contemplar o mar. Aliás, sou achegado à contemplação, e essa me proporcionou uma intuição e sensibilidade diferente diante da vida. Meu caminhar era como a água, indo e vindo, extremamente susceptível aos ventos. Nessa vulnerabilidade, me via na calmaria das ondas ou na tempestade forte.

  Meu mundo nunca foi muito estruturado e não era adepto de rotinas. Havia sempre uma fluidez ondular que ia me conduzindo. Cada dia, era um novo me deixar guiar. As pessoas notavam um ar de mistério em minha vida, como se as profundezas do meu Ser escondessem diversos segredos: sentimentos, conhecimentos, palavras ditas e não ditas; era como o mar que esconde belezas incríveis ou espécies perigosas, navios abandonados e animais mortais.


  Via algumas pessoas que pareciam uma labareda, sempre tão entusiasmadas. A mim, porém, faltava esse entusiasmo e espontaneidade. Eu compensava isso estando sempre em grupo, nos quais facilmente me adaptava e envolvia a todos. Era o sujeito que se dava bem com todos, que gostava de cooperar. Não era muito de falar, mas, quando falava, buscava ser prudente e sensato. Nunca gostei de estar em foco, de ser o centro das atenções. Preferia a tranquilidade e a discrição de quem está quieto em seu lugar, ileso de qualquer tensão.


  Para alguém me tirar do sério, precisava se esforçar muito, porque eu sempre fui inimigo de conflitos. Não sei até que ponto isso me acovardou diante da vida. Recolhia-me em minha passividade e a vida acabava passando por mim sem pena. De tanto recuar diante do que precisava enfrentar, uma hora o mar voltava como em um tsunami, e eu trazia à tona o que parecia enterrado nas profundezas.


  Em alguns momentos, sei que deveria ter me exposto mais, me arriscado mais, mas, no fim das contas, refletia tanto sobre as possibilidades que acabava permanecendo em minha inércia. Reconheço que era lento nas reações e acabava sofrendo com os prazos e oportunidades perdidas."


(Texto de Rebecca Athayde  https://www.instagram.com/rebecca.athayde?igsh=ajdhandzbXYwdXJr)

segunda-feira, 8 de julho de 2024